domingo, 18 de fevereiro de 2007

A propósito do estoicismo

Bem sei que não fui convidado para o repasto, mas não resisto a bater nos portões da austeridade e pobreza do Jansenista para recordar que carta LXV a Lucílio, de Séneca, sempre foi para mim muito clara quanto ao fundamento (primeiro e último) do pensamento dos estóicos:

"O bronze é a primeira causa da estátua, pois esta nunca poderia ter sido feita se não existisse algo capaz de ser fundido moldado. A segunda causa é o artista, porquanto o bronze nunca tomaria a forma de estátua sem ser trabalhado por mãos hábeis. A terceira causa é a forma já que uma estátua não poderia ser rotulada de "doryphoros" ou de "diadumenos", se não apresentasse expressamente as respectivas características. A quarta causa é a finalidade com que a estátua foi feita; se não houvesse uma finalidade não haveria estátua."


Ora, apesar de tudo, o segundo fôlego do estoicismo não se afasta disto...

Não obstante, lembro-me da incapacidade dos modernos retratarem devidamente os antigos, tão bem explicada por Proust (Contre Sainte-Beuve): "Avec les Anciens, on a pas les moyens suffisants d'observation. Revenir à l'homme, l'oeuvre à la main, est impossible dans la plupart des cas avec les véritables Anciens, avec ceux dont nous n'avons la statue qu'à demi brisée. On est donc réduit à commenter l'oeuvre, à l'admirer, à rêver l'auteur et le poète à travers."

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