O funcionário público português
A vida de um funcionário público português típico passa por uma forma de hedonismo imparável. É muito frequente falar-se em duas técnicas que, uma vez aprendidas, tornam-se verdadeiras bóias de salvação de qualquer sujeito ingressado na função pública, a saber:
(1) a técnica do CNC (ou do "chuta no cão"), que se baseia numa aprendizagem secular de "confiar" cegamente na cadeia (alimentar) hierárquica, podendo assim nunca sair responsabilizado por qualquer tipo de acto. Quer isto dizer que, na função pública, "quem se atravessa" corre o risco de não conseguir progredir por dar muito nas vistas;
(2) a técnica do TEF (ou do "toca-e-foge"). Sabendo-se instalado, o funcionário aprende a dissimular a sua canseira do dia-a-dia. Assim, o caloiro desloca-se a uma loja de grande superfície para adquirir, por tuta-e-meia, um par de óculos (não precisa de padecer de miopia ou estigmatismo) e um casaco que pareça sempre vistoso. A utilidade destes objectos é extrema, porque devem estar sempre presentes no local de trabalho, respectivamente, em cima da mesa, e nas costas da cadeira. A partir desse momento o funcionário está sempre presente (com toda a certeza, se não está sentado na mesa, é porque se deslocou para as instalações sanitárias).
Isto faz algum sentido, se entendermos a ideia de Keynes em garantir o pleno emprego, mesmo em depressão (pelo enterro de garrafas no fundo de minas, numa crítica, aliás muito certeira, ao velhinho padrão-ouro). Mas em Portugal esta letargia é pré-keynesiana. É óbvio que há excepções, mas calma...
(1) a técnica do CNC (ou do "chuta no cão"), que se baseia numa aprendizagem secular de "confiar" cegamente na cadeia (alimentar) hierárquica, podendo assim nunca sair responsabilizado por qualquer tipo de acto. Quer isto dizer que, na função pública, "quem se atravessa" corre o risco de não conseguir progredir por dar muito nas vistas;
(2) a técnica do TEF (ou do "toca-e-foge"). Sabendo-se instalado, o funcionário aprende a dissimular a sua canseira do dia-a-dia. Assim, o caloiro desloca-se a uma loja de grande superfície para adquirir, por tuta-e-meia, um par de óculos (não precisa de padecer de miopia ou estigmatismo) e um casaco que pareça sempre vistoso. A utilidade destes objectos é extrema, porque devem estar sempre presentes no local de trabalho, respectivamente, em cima da mesa, e nas costas da cadeira. A partir desse momento o funcionário está sempre presente (com toda a certeza, se não está sentado na mesa, é porque se deslocou para as instalações sanitárias).
Isto faz algum sentido, se entendermos a ideia de Keynes em garantir o pleno emprego, mesmo em depressão (pelo enterro de garrafas no fundo de minas, numa crítica, aliás muito certeira, ao velhinho padrão-ouro). Mas em Portugal esta letargia é pré-keynesiana. É óbvio que há excepções, mas calma...
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