quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

O franceses, os alemães e os judeus...

Ao ler Spiegelman (Maus II), intrigo-me sobre qual o animal que retrata melhor os franceses. O diálogo entre o herói e uma meiga amiga francesa adensa-se. Se os alemães nazis são gatos e os judeus ratos, o que serão os franceses? Fala-se nos séculos de anti-semitismo, no caso Dreyfus, no colaboracionismo e nada de encontrar animal que represente as particularidades daquele povo. Finalmente, o herói lembra-se da rã ("frog", francês pejorativo) e prepara-se para pedir em casamento a sua companheira.
Encerrado este problema, lembro-me da ideia em geral dos franceses que terão "o Napoleão na barriga" (que, em determinada perspectiva até pode ser um elogio, sendo eu um admirador da cultura francesa) e tento recordar-me da História. Talvez deva reler um pouco de Michelet (na edição da Pleiade), sobre a Revolução Francesa para avivar um pouco o surgimento desta "grandeza".

2 comentários:

Pedro Botelho disse...

«Se os alemães nazi são gatos e os judeus ratos, o que serão os franceses? Fala-se nos séculos de anti-semitismo, no caso»

Nada como perguntar-lhes a eles: parece que o Voltaire se identificava com todos, incluindo os bípedes emplumados seus contemporâneos (e não falo só de galináceos cantantes):

Voltaire, Dictionnaire philosophique, article 'Bêtes'

Já agora registe-se também um outro artigo habitualmente censurado nas edições modernas das suas obras:

Voltaire, Dictionnaire philosophique, article 'Juifs'

A propósito das entrelinhas (ou talvez antes entrequadradinhos?) no Art Spiegelman recomenda-se vivamente esta perspicaz apreciação:

Maus: A Survivor's Tale, reviewed by Janet Reilly

Citação: "One supposes it will be of some clinical and even aesthetic interest to see how both elder Spiegelmans manage to evade the ceaseless efforts of the Nazi Katzen to trick them into taking that shower. Auschwitz Schmauschwitz -- Maus is the subliminal confession, by a cartoonist whose art is perhaps more honest than its creator can bring himself to be, that the 'Holocaust' never happened the way we learned in school."

Pedro Botelho disse...

As minhas desculpas pelo primeiro link que ficou errado. O correcto é:

Voltaire, Dictionnaire philosophique (1764), article 'Bêtes'