Para quem esteve na natureza Micaelense
São Miguel é magnético. Sempre que lá vou, passo por Ponta Delgada, e sento-me no banco à entrada do Convento do Santo Cristo. Relembro Antero de Quental e leio na parede a palavra Esperança. Um momento de loucura fez com que Quental pusesse aí termo à vida. E, resta-me dizer, como este:
"Deixai-os vir a mim, os que lidaram;
Deixai-os vir a mim, os que padecem;
E os que cheios de mágoa e tédio encaram
As próprias obras vãs, de que escarnecem...
Em mim, os Sofrimentos que não saram,
Paixão, Dúvida e Mal, se desvanecem.
As torrentes da Dor, que nunca param,
Como num mar, em mim desaparecem.
Assim a Morte diz. Verbo velado,
Silencioso intérprete sagrado
Das coisas invisíveis, muda e fria,
É, na sua mudez, mais retumbante
Que o clamoroso mar; mais rutilante,
Na sua noite, do que a luz do dia."
Deixai-os vir a mim, os que padecem;
E os que cheios de mágoa e tédio encaram
As próprias obras vãs, de que escarnecem...
Em mim, os Sofrimentos que não saram,
Paixão, Dúvida e Mal, se desvanecem.
As torrentes da Dor, que nunca param,
Como num mar, em mim desaparecem.
Assim a Morte diz. Verbo velado,
Silencioso intérprete sagrado
Das coisas invisíveis, muda e fria,
É, na sua mudez, mais retumbante
Que o clamoroso mar; mais rutilante,
Na sua noite, do que a luz do dia."
Mas ali não há morte, há vida. A não perder, num roteiro mais introspectivo...
1 comentário:
Há uma bela canção de José Mário Branco sobre o tema (com algumas variações sobre «A Internacional»).
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