terça-feira, 10 de abril de 2007

Abencerragens na política portuguesa



Há dias, de madrugada, ouvia um eminente deputado falar, durante mais de 20 minutos ao telefone, sobre a regionalização, sobre as suas desvantagens, sobre a necessidade de centralização, sobre a decisão dos iluminados políticos da nossa praça, etc., etc.. Aquilo é que era botar discurso, não percebi nada! E pensei como é que este incapaz já fez parte de um governo nacional.

Mas há factos indesmentíveis:
"Ora dá-se na política um caso singular. Um homem é tanto mais célebre, tanto mais consagrado, quantas mais vezes tem sido ministro - isto é quantas mais vezes tem sido incompatível com a felicidade do país, quantas mais vezes tem mostrado a sua incapacidade nos negócios!"

Quer isto dizer que:
"O menino Eleutério fica reprovado no seu exame de francês. O poder moderador deita-lhe logo o olho. O menino Eleutério, continuando a sua bela carreira política - fica reprovado no seu exame de história. O poder moderador agita-se e acena-lhe com um lenço branco. O caloiro Eleutério fica reprovado no 1.º ano da faculdade de direito. O poder moderador exulta e quer a todo o transe ter com ele uma falas. O senhor Eleutério fica reprovado no 5.º ano. O poder moderador não pode conter o júbilo e fá-lo ministro da justiça. E a opinião aplaude. De modo que, se um homem pudesse apresentar-se ao chefe do Estado com os seguintes documentos: Espírito de tal modo bronco que nunca pode aprender a somar; Estupidez tão espessa que nunca pode distinguir as letras do ABC; Reprovações sucessivas em todas as matérias de todos os cursos; O chefe, do Estado, toma-lo-ia pela mão, e dir-lhe-ia sufocado em júbilo: Tu Marcellus eris! Tu serás presidente do conselho!"

E as citações não são minhas, são das Farpas, de Queiroz e Ortigão!

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