sexta-feira, 30 de março de 2007

Rua Nova dos Ferros (Roque Gameiro)

Com os cumprimentos de agradecimentos para o Bic Laranja.

quinta-feira, 29 de março de 2007

Olissipografia 10 (périplos por uma Lisboa seiscentista)

Este é um post sem imagens. Faço hoje a primeira viagem no tempo para lembrar uma Lisboa que não vemos em fotografias - a Lisboa do antes do terramoto. Este é o primeiro dos périplos imaginários que quero partilhar.

Passeio-me neste momento na zona da baixa na principal artéria da Lisboa de outrora - a Rua Nova.

Era uma rua comercial - a maior rua comercial da metrópole. No século XVI era considerada a mais elegante de Lisboa, com os seus edifícios admiráveis e as suas ricas lojas. Todas as casas desta rua (que tinha mais de 200 metros) tinham lojas, sobrelojas e, no máximo, quatro andares. Ao longo da Rua Nova, os andares dos edifícios formavam sacada sobre as lojas e sobrelojas, sobre esteios de pedra ou madeira. Assim, a rua era percorrida por colunatas, quer de um lado, quer do outro, que "serviam para comodidade de passagem da gente em tempo de inverno e chuvoso". De acordo com o Tombo de 1755, as colunas e pedestais totalizavam o número de cento e quarenta e nove (ver ainda Inácio Barbosa Machado).

Não obstante esta uniformidade evidenciada, a Rua Nova estava dividida em duas partes (veremos do sentido ocidental para o oriental): a primeira parte, que chamavam correntemente a Rua Nova dos Mercadores, e a segunda parte, a mais célebre, conhecida pela Rua Nova dos Ferros. Os ditos ferros eram uma grades de ferraria dispostas longitudinalmente pelo meio da rua, alegadamente "para isolar o povo miúdo dos altos negociantes e financeiros"(esta descrição data de 1584).

Para os mais curiosos, a rua ficava situada sensivelmente no espaço que ocupa actualmente a Rua do Comércio, que até 1885 teve o nome de... Rua Nova de El-Rei (seria D. Dinis?), vulgarmente conhecida no século XIX como Rua dos Capelistas. Ainda uma nota interessante, que depois remeteremos para outros périplos - a Rua Nova aqui descrita terminava no Largo do Pelourinho, que, ao contrário de hoje, situava-se a nordeste do Terreiro do Paço e não a noroeste.

Neste passeio, consigo apurar que a Rua é pouco luminosa, é cruzada por inúmeras ruas e ruelas, começando pela Rua dos Ourives do Ouro e terminando no já mencionado Largo do Pelourinho. O piso em terra batida faz-me adivinhar o que será em dias de chuva. Ademais, para além das chuvas invernosas, as arcadas ao longo da rua seriam insuficientes para albergar o povo, numa manhã de azáfama comercial. Pobres e ricos cruzavam-se neste célebre entreposto europeu. O cheiro seria nauseabundo, porquanto as habitações, quase todas com vidros partidos (os forasteiros da altura várias vezes fazem queixa deste facto), por cima das lojas e sobrelojas seriam um misto de armazém e de refúgio dos comerciantes, vindos dos vários cantos do mundo - com locações e sub-locações adivinhadas. Quem se prezasse não morava na Rua Nova, apenas por necessidade comercial ou empresarial alguém endinheirado se aventuraria por aquelas redondezas. Não obstante o aspecto demonstrado, a Rua apresentava o esplendor de uma economia pós-medieval em que a oportunidade e a sorte se cruzavam num fórum de liberdade, que nem o século XX sequer conheceu...

Olissipografia 9


Para quem conhece as redondezas, conseguirá vislumbrar que artéria lisboeta é esta. Quem responde primeiro a este enigma?

terça-feira, 27 de março de 2007

A arte na cobrança dos impostos 5

St Matthew and the Angel. CARAVAGGIO. 1602.

A arte na cobrança dos impostos 4


São Mateus. Rembrandt von Rijn.

A arte na cobrança dos impostos 3

Jesus Summons Matthew to Leave the Tax Office. Jan Sanders van Hemessen. 1536.

A arte na cobrança dos impostos 2

Tax Collector.Marinus van REYMERSWAELE, 1542

A arte na cobrança dos impostos 1


The Tax Collector. Pieter Brueghel. Art Gallery of South Australia.

Olissipografia 8 (memórias familiares)


Esta capela, na Rua de S. Domingos (à Lapa), traz-me recordações familiares agradáveis. Pertencente à antiga casa do Barão de Porto Covo da Bandeira, de seu nome Jacinto Fernandes Bandeira, faz parte do meu imaginário infantil. Actualmente pertence a um Clube Desportivo fundado pela Juventude Católica nos anos cinquenta, sob o olhar atento do Cardeal Cerejeira. Aí alberga os restos mortais do dito Barão e reza a história que o seu espírito ainda está presente e circula pelos corredores e anexos do Palácio, que conheço como a palma da minha mão (não obstante pertencer ainda à Embaixada Inglesa, na altura em que fiz a exploração).

Conta-se que, no início do século XX, por volta das seis e meia da manhã, um cocheiro aguardava a saída do seu patrão do palacete defronte do dito palácio. Era uma manhã de Janeiro e uma leve neblina cobria a cidade ainda escura. A rua, como acontece ainda hoje na sua madrugada antes da passagem do primeiro eléctrico (o 25), estava silenciosa, e ouvia-se o mais leve passo. A certa altura, o cocheiro olha para a parte baixa, perto das escadinhas que dão para as Janelas Verdes, e vê uma luz, parecida com um candeeiro a petróleo e que andava. Seria alguém que saía de casa àquela hora? A luz aproximava-se e não se via vivalma. Mais de perto reparava-se que era como que um candeeiro suspenso no ar que se preparava para subir a Rua de S. Domingos. Mas não, a luz parou em frente à capela, desceu rente ao chão e transpôs o edifício. Seria o Barão de Porto Covo a regressar a casa, depois de uma volta pela cidade que acolheu as suas especulações financeiras?

segunda-feira, 26 de março de 2007

Olissipografia 7 (memórias familiares)



São fantasmas que percorrem a minha memória: da varanda traseira da casa independente da Rua Buenos Aires, que dá para a Travessa do Combro relembro os familiares que aí viveram e brincaram desde crianças. Ainda vejo as crianças a correrem pelo bairro, a passarem pelo palácio dos Possolos, e a subirem para a varanda por forma a contarem os navios que entravam na barra do Tejo com a bandeira portuguesa branca e azul. Estava-se em 1905 e a vizinhança não estaria longe do que se vê, com toda a certeza...
Fantasmas há uns mais pesarosos, outros mais serenos e ainda os equidistantes. Não nego que estão presentes. Há uns anos, conduzi um amigo que gosta dessas coisas de espíritos (no lo creo, pero que los hay, hay) ao que fora o meu gabinete de trabalho. Qual não foi o meu espanto quando o convidado referiu que alguém estava presente, para além de nós, mas que não queria mal, apenas vigiava constantemente o que fazia. Um ascendente, indubitavelmente, como me viria a ser confirmado mais tarde (e com os mesmos hábitos noctívagos)... que precisamente tinha trabalhado no local e que tinha uns assuntos por resolver, perdidos no século XIX.

Schindler connection...

Fantástico! O nosso confrande Bic Laranja descobre mais uma pérola da olissipografia e quase que desvenda (à custa das peregrinações de Norberto Araújo) um dos enigmas suscitados há tempos - a "Schindler connection" do nosso João Franco Castelo Branco:

« Antes da criação da Real Fabrica estes terrenos por aqui, entre o Rato e a Rua da Imprensa Nacional (então Travessa do Pombal) até S. Bento faziam parte da Quinta do Morgado dos Soares da Cotovia - a quinta de D. Rodrigo da primeira metade do séc. XVIII e de que adeante falarei.
Fez-se então a fábrica com as suas dependências, vendidas no século passado [i.e. séc. XIX] como já disse. Tudo foi depois parar às mãos de um Francisco Ferrari, de quem transitou para três filhas, duas das quais, que houveram a parte de um sobrinho, filho da outra irmã, casaram uma com o Visconde Silva Carvalho, outra com Guilherme Schindler; foi desta senhora que os imóveis da antiga Real Fábrica passaram para a sua filha, D. Lívia Ferrari Schindler Castelo Branco, e desta para sua filha D. Maria Lívia Schindler Castelo Branco, viúva do estadista João Franco, actual proprietária de tôdas estas edificações, correspondentes á desaparecida fábrica, quer as com frente para a Rua da Escola quer as com frente para o Rato.»


Ainda a reconciliação de Alfarrobeira

Acrescente-se ao que já se disse, de acordo com o raciocínio revelado no Ashram, que a vingança de D. João II (O príncipe-perfeito) empreendida à aristocracia dos Bragança, em nome do centralismo, representou o fim de uma reconciliação evidenciada na encomenda do políptico atribuído a Nuno Gonçalves. D. João II cortou cerce todas as pretensões evidenciadas, quiçá vingando a morte do seu avô/tio-avô no campo de Alfarrobeira. E o políptico, eventualmente por terminar, foi para as malvas. Mas já sou eu a especular demais...

Condição humana 3


Há uma expressão em Pascal que sempre me impressionou e que, fatalmente, resume a nossa existência: "O Homem nasce e morre sózinho".

Condição humana 2

Olho-me ao espelho e vejo-me reflectido. No entanto, há uma linha ténue entre o meu espaço e o outro lado. Questiono-me quem tomou a iniciativa de olhar, se eu, se aquele que me olha incessantemente. Ainda assim pergunto quem se irá primeiro embora. Talvez eu, mas não sei se só me movo se aquele se mover primeiro.

Será que sou eu que ajo ou sou impulsionado por alguém a agir, como se de uma marioneta me tratasse? Penso ou sou pensado? Movimento-me ou sou movimentado? Sou eu que cobro, ou será que alguém me cobra, no infinito?

Condição humana 1

De onde vimos, para onde vamos?

domingo, 25 de março de 2007

Olissipografia 6

O palácio dominante retratado (mais à direita) na figura a quem pertencia. O que podemos encontrar hoje no seu lugar, inclusive mantendo alguns dos seus traços iniciais?

D. Jaime ou a reconciliação de Alfarrobeira


O enigma do políptico atribuído a Nuno Gonçalves está longe de resolvido. O ilustre Jansenista evidencia um retrato em que a Casa de Bragança se reconcilia, querendo fazer esquecer a morte do Infante D. Pedro, Duque de Coimbra, em Alfarrobeira, e o consequente desterro do seus dois filhos, D. Pedro, o ex-condestável, e D. Jaime, que teria mais fama na corte do pontífice romano.

Os indícios são mais que muitos: a família está lá toda retratada, repare-se que o Infante D. Henrique (ou a figura que lhe é atribuída) predomina uma parte do políptico. De facto, D. Henrique foi um dos defensores do Duque de Coimbra perante a corte inflamada do ainda tenro D. Afonso V. Inclusive a História reza que o Infante, a certa altura, foi atingido pelas calúnias que eram dirigidas ao seu irmão, o Duque de Coimbra.

Aliás, será de assinalar que D. Afonso V não nutria de grande amor pelo seu tio e sogro D. Pedro. E isso vê-se nitidamente quando pediu à Rainha que enviasse uma carta ao seu pai, no qual se advertia que, num conselho recente o Rei resolvera que fossem cercadas as terras de D. Pedro e que fosse aplicada uma de três penas: morte, prisão perpétua ou desterro para sempre fora do reino. Parece-me mais do que evidente que D. Pedro escolheu a morte, não sem antes, e já após uma segunda tentativa de obtenção de um pedido de desculpas, por intermédio da Rainha D. Isabel, acentuar que as desculpas daria não mais por lhe comprazer e prestar mandado do que por lhe parecer razão que assim o fizesse. O ódio estava à vista e a encomenda desta obra, em meados do século XV, tenta apaziguar postumamente a escalada de violência que suscitou a morte injustificada na família.

Repare-se, assim, que o grande problema estava na idade de D. Afonso V - dezassete anos. Depois do confronto de Alfarrobeira, os conselheiros fizeram acreditar que o vencedor teria de permanecer três dias no campo de batalha, por se ter tratado de uma grande batalha campal. À distância, entenderia esse conselho como uma praxe de mau gosto...

sexta-feira, 23 de março de 2007

Leituras desenhadas

A saga (em oito volumes, sendo este o quinto) da família Steenfort, cervejeiros desde oitocentos, e as investidas do grupo Texel. Este volume passa-se nos anos 50 do século XX, onde ainda se vivem os reflexos do Plano Marshall e descobrem-se termos bárbaros como o marketing, o merchandising e o franchising...

quarta-feira, 21 de março de 2007

Jazz renovado

A conselho de um velho amigo compositor faço novas aquisições e alargo os meus horizontes do Jazz. Jason Moran tem apenas 32 anos e assume-se como um músico experimentalista. Arrumo, por ora, na estante os CD's de Bill Evans e de Keith Jarrett. Ver aqui.

Fumar pode ser prejudicial para a sua saúde e de todos os que o rodeiam


Tudo aqui.

Caça-cabeças e cloaca parlamentar

Enquanto o nosso confrade Combustões fala nos Rajás Brancos (White Rajas) do Borneo e na erradicação da prática de caça-cabeças (headhunting) por essas redondezas, sem prejuízo do infeliz desaparecimento de Michael Clark Rockefeller nos anos sessenta ter demonstrado que, pelo menos na África subsaheliana ainda se pratica esse "desporto bárbaro", assisto a mais um debate parlamentar nacional. O ânimo não é dos maiores, pois fui percebendo que nesse palco há muita música.

Também percebi que a preocupação principal das partes envolvidas não é o défice, nem a subida/descida de impostos - todos são cúmplices. E depois o exactor é que paga - são anos de experiência a fugir do contribuinte (mais e menos sofisticado), de arma em punho a gritar que "só paga depois de morto".

Deve ser a contenção da despesa e a erradicação dos abusos na/da função pública que devem estar em mente. Há no entanto um limite difícil para o referido "arrancar de cabeças" da cloaca pública - se o Estado se retira bruscamente da economia os efeitos podem ser mais nefastos do que a multiplicação de despesa inútil. Precisamos de uma nova dinastia Brooke?

terça-feira, 20 de março de 2007

O genocídio de milhões e a espécie humana

Não sou de meter a foice em seara alheia, mas os caríssimos confrades Combustões e Charlotte, com certeza conhecem esta passagem (mais um lamento e um infeliz prenúncio) constante do Micromégas (de Voltaire):

"-- Ah ! malheureux ! s'écria le Sirien avec indignation, peut-on concevoir cet excès de rage forcenée ! Il me prend envie de faire trois pas, et d'écraser de trois coups de pied toute cette fourmilière d'assassins ridicules. -- Ne vous en donnez pas la peine, lui répondit-on; ils travaillent assez à leur ruine. Sachez qu'au bout de dix ans, il ne reste jamais la centième partie de ces misérables; sachez que, quand même ils n'auraient pas tiré l'épée, la faim, la fatigue ou l'intempérance, les emportent presque tous. D'ailleurs, ce n'est pas eux qu'il faut punir, ce sont ces barbares sédentaires qui du fond de leur cabinet ordonnent, dans le temps de leur digestion, le massacre d'un million d'homme, et qui ensuite en font remercier Dieu solennellement."

François Bourgeon para relembrar...







Les Passagers du Vent, a série de BD que celebrizou François Bourgeon, para além de ter custado uma pesada indemnização à editora Casterman.

segunda-feira, 19 de março de 2007

A propósito de criminosos com nome de rua...

Em resposta ao nosso confrade Combustões, e sem querer ser entrar na discussão Monarquia/República, porque entendo que ambos os regimes têm vantagens e inconvenientes (deixemos este diálogo para mais tarde), lembro que a toponímica tem destes azares.

De facto, a praça mais importante da capital portuguesa tem o nome de quem a reconstruíu das cinzas. Seria incontestavelmente merecido, não fossem uma parte dos feitos deste Marquês algo sanguinários: lembremo-nos do processo (juridicamente) inconclusivo (mas de facto resolvido) dos Távoras e a política anti-jesuítica (a expulsão data de 1759 - é de estranhar que o ensino oratoriano, introduzido por D. João V, tenha permanecido pacificamente), a fazer lembrar algumas reformas republicanas.

A minha conclusão pode ser surpreendente: sendo o Marquês de Pombal uma figura controversa, não seria o mesmo digno de uma Praça, à semelhança de um sanguinário republicano? Ou melhor, os sanguinários republicanos não poderão ter um lugar ao sol como os sanguinários (que os houve) monárquicos?

Juventude na História portuguesa


Falava-se no Ashram na reconciliação com a juventude. Mas, se olharmos para a idade dos navegadores portugueses, depuradas a qualidade de vida e a longevidade ao tempo, alguns feitos não deixam de ser curiosidades impressionantes. Assim:

- Na 1.ª campanha de Ceuta, o Infante D. Henrique tinha 20 anos;
- João Gonçalves Zarco descobriu a Madeira com 24 anos;
- Vasco da Gama começou a viagem na qual viria a descobrir o caminho para a Índia com 28 anos;
- Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil com 32 anos;
- Bartolomeu Dias dobrou o Cabo das Tormentas com 36 anos.

São feitos impressionantes, mas a idade ainda mais. Assinale-se que empreendimentos como estes requereram dos intervenientes mais do que espírito de liderança. A sabedoria e a sensatez eram exigidas para quem ia para o oceano desconhecido, em que a probabilidade de morrer era elevadíssima. Contudo, a juventude é um momento determinante e há que aproveitá-la!

A bela Francoise Dorléac


Não é por ser (ou por ter sido) a irmã da Catherine Deneuve (ou melhor, Dorléac). Foi actriz fulgurante em três filmes de autor (Philippe de Broca, L'homme de Rio, François Truffaut La peau douce e Roman Polański, Cul-de-Sac). Cedo a sua vida foi ceifada num aparatoso acidente, no seu Renault 10, às portas de Nice. É uma beleza que não se esquece...

domingo, 18 de março de 2007

O século XX medieval


Viver por cima de um talho, até aos anos setenta em Portugal, tinha alguns problemas. Para além da insalubridade, havia um interminável conjunto de animais que povoavam a habitação, como sejam os ratos.

Quem viveu por cima de um talho só percebeu que, nos dias de então, não era normal ter ratos a circular em casa. E, no entanto, lembro-me como se fosse ontem: as ratoeiras com chouriço (queijo só na banda desenhada), a necessidade de tapar as panelas para não correr o risco de comer carne na sopa de legumes.

Lisboa nos anos setenta estava, de facto, muito atrasada em termos de salubridade e saúde pública.

Brain Drain 3

Brain Drain 2

Brain Drain



A propósito do brain drain, interessa pensar um pouco se o Estado de origem dos cérebros deverá ser compensado da fuga dos mesmos. O problema é complexo, e pensamos que não é com a tributação dos cérebros que conseguimos obter a compensação devida pelo investimento no capital humano que vai sendo efectuado às várias gerações.
Serão os benefícios fiscais uma solução? É um assunto a pensar, sabendo que a investigação e desenvolvimento está salvaguardada de forma incipiente pelo legislador fiscal português...

sábado, 17 de março de 2007

Those Magnificent Men in Their Flying Machines

Battle of Britain (1969)

Agora a Grande Guerra vista por Jean Renoir

1941 visto por Spielberg

Schindler connection

Lembra-me bem o Jansenista ao referir a ligação do nosso João Franco Ferreira Pinto de Castelo-Branco com os Schindler. De facto na genealogia encontramos um casamento com Maria Lívia Ferrari Schindler, filha de Gaspar Schindler e de Maria Lívia Ferrari. Qual a ligação com Oskar Schindler, o herói da Cracóvia, filho de Hans e Louisa Schindler?

sexta-feira, 16 de março de 2007

Tempos Modernos 4

Tempos Modernos 3


Tudo aqui.

Tempos Modernos 2

Tempos Modernos 1

Serei tecnosexual?

Desilusão...

É o que sinto quando descubro que o rácio Receita Fiscal/Produto Interno Bruto português de 2006 é exactamente o mesmo de 2000. Significa isto que a estagnação económica é uma realidade presente...

quinta-feira, 15 de março de 2007

Recordar Battersea (Londres)


"Meu querido João...


Obrigado pela tua carta que recebo à chegada de Lisboa aonde fui, como te disse, aos concursos de esgrima e hípico. A nossa campanha está principiada e parece-me que bastante bem, nesta fase mais séria que lhe deram, sem que nós a provocássemos. Precisamos muita calma e muito sangue-frio, mas sem nunca afrouxar da nossa firmeza, desde que a questão entrou de forma lamentável de alteração de ordem pública. Desde que tenhamos a razão do nosso lado, podemos ir até aonde o nosso dever de o indicar, porque infelizmente o número dos que têm a perder ainda é maior, e a esses, damos e daremos garantias de bem servir o País. Devemos prosseguir o nosso caminho, doa a quem doer, e nesse caminho sempre me encontrarás ao teu lado e ao dos teus colegas, por maiores que sejam os sacrifícios que eu tenha de fazer. Devo-os ao meu País, devo-os àqueles que com tanta dedicação o querem servir. (...)" (23-06-1907)

Olissipografia 5

Para os olissipógrafos assíduos (Miss Pearls, Bic Laranja e Jansenista) aqui vai mais um desafio: esta habitação em pleno centro de Lisboa pertencia a um ilustre político do início do século...

quarta-feira, 14 de março de 2007

Bismarck e a Segurança Social

Sabia que o primeiro sistema de Segurança Social criado por Otto Von Bismarck, na década de 80 do século XIX, contemplava uma idade de reforma de 65 anos?

Tal número não seria de espantar, não fosse a esperança média de vida em finais de oitocentos para além dos 47 anos. Um case study para muitos reformistas dos dias de hoje...


Ainda assim, este espírito reformista valeu-lhe o título de socialista, ao que o próprio respondeu: "Chame-o socialista ou outro nome qualquer, para mim é o mesmo."

Recordando o II Reich alemão (2)

Wilhelm, Friedrich Willhelms Sohn
Und der Königin Luise,
Edelherzig so wie diese,
Kam auf Preußens Königsthron
Fast ein Greis schon, aber stark
Wie an Körper, so an Mut,
Geistig frisch und fromm und gut
Und ein Deutscher bis in’s Mark.
Darum war es auch sein Streben,
Einigkeit dem Volk zu geben,
Und um diese ihm zu schaffen,
Schuf er erst „das Volk in Waffen“,
Worauf er an Oestreichs Seite
– Wie sein genialer Rat
Bismarck ihn beraten that –
Schleswig-Holstein erst befreite,
Das dann zum Zankapfel wird
Und zum Krieg mit Oestreich führt.
König Wilhelm siegte und
Schuf jetzt den „Norddeutschen Bund“. –
Scheel sah drob Napoleon
Auf die deutsche Nation.
Er beschloß, sie zu bekriegen,
König Wilhelm zu besiegen.
Aber der mit Riesenwucht
Wirft im Kampf ihn selbst darnieder
Und erringt als Siegesfrucht
Elsaß und Lothringen wieder,
Welche Frankreich einst geraubt.
Wilhelm selbst, dem Heldengreis,
Setzt All-Deutschland dann als Preis
Seine Krone auf das Haupt.

Recordando o II Reich alemão


Guilherme I e o futuro Guilherme II saúdam o povo, durante o II Reich alemão (a meu ver, o mais socialista de todos). Para o nosso Combustões apreciar...

Bück dich (Curva-te, em alemão)

Penso que é mais este o sentido que dou ao conceito de zoofilia nos Rammstein, sugerido pela Ilustre Charlotte:

"Bück dich befehl ich dir
wende dein Antlitz ab von mir
dein Gesicht ist mir egal
bück dich nocheinmal
Bück dich."

O nosso vocalista Till Lindemann quer, chocando, democratizar o conceito de animal: tanto do lado feminino como masculino. Mas atenção aos duplos sentidos muito típicos dos Rammstein (não sou de tabus, nem intolerante - digamos que sou um liberal esclarecido): basta perceber que a expressão Rammstein, para além de ser uma localidade da ex-RDA, significa martelo (ou maço) com ponta de pedra e simultaneamente confunde-se, propositadamente, com a palavra Rammeln, que o meu decoro e educação não me permite explicar que vai para além do verbo fornicar.

Olissipografia 4


Agora só para a Miss Pearls, que está rápida nas respostas: onde era este edifício? Uma pista: o seu dono era o político José Luciano de Castro...

Bem que isto podia ser hoje...

“Na sua acção governamental as dissensões são perpétuas. Assim, o partido histórico propõe um imposto: porque não há remédio, é necessário pagar a religião, o exército, a centralização, a lista civil, a diplomacia... – propõe um imposto.
-Caminhamos para a ruína! Exclama o presidente do conselho – O deficit cresce! O país está pobre! A única maneira de nos salvarmos é o imposto que temos a honra, etc...
Mas então o partido regenerador, por exemplo, que está na oposição, brame de desespero, reúne-se o centro: as calvas luzem de suor, os cabelos pintados detingem-se de agonia: cada um alarga o colarinho na atitude dum homem que vê desmoronar-se a pátria!
- Como assim! Exclamam todos, mais impostos!?”

(Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão, As Farpas)

Para quem esteve na natureza Micaelense


São Miguel é magnético. Sempre que lá vou, passo por Ponta Delgada, e sento-me no banco à entrada do Convento do Santo Cristo. Relembro Antero de Quental e leio na parede a palavra Esperança. Um momento de loucura fez com que Quental pusesse aí termo à vida. E, resta-me dizer, como este:

"Deixai-os vir a mim, os que lidaram;
Deixai-os vir a mim, os que padecem;
E os que cheios de mágoa e tédio encaram
As próprias obras vãs, de que escarnecem...

Em mim, os Sofrimentos que não saram,
Paixão, Dúvida e Mal, se desvanecem.
As torrentes da Dor, que nunca param,
Como num mar, em mim desaparecem.

Assim a Morte diz. Verbo velado,
Silencioso intérprete sagrado
Das coisas invisíveis, muda e fria,

É, na sua mudez, mais retumbante

Que o clamoroso mar; mais rutilante,
Na sua noite, do que a luz do dia."

Mas ali não há morte, há vida. A não perder, num roteiro mais introspectivo...

Olissipografia 3


Para os olissipógrafos mais atentos: onde podemos encontrar este arco da Rua de São Bento, nos dias de hoje? Vá lá Miss Pearls e Bic Laranja, esta é fácil...

Blade Runner

Europa, na perspectiva de Lars Von Trier

terça-feira, 13 de março de 2007

Recordar a televisão superlativa

O Inventário (próprio para exactores)

Um dente d'ouro a rir dos panfletos
Um marido afinal ignorante
Dois corvos mesmo muito pretos
Um polícia que diz que garante

A costureira muito desgraçada
Uma máquina infernal de fazer fumo
Um professor que não sabe quase nada
Um colossalmente bom aluno

Um revolver já desiludido
Uma criança doida de alegria
Um imenso tempo perdido
Um adepto da simetria

Um conde que cora ao ser condecorado
Um homem que ri de tristeza
Um amante perdido encontrado
Um gafanhoto chamado surpresa

O desertor cantando no coreto
Um malandrão que vem pe-ante-pé
Um senhor vestidíssimo de preto
Um organista que perde a fé

Um sujeito enganando os amorosos
Um cachimbo cantando a marselhesa
Dois detidos de fato perigosos
Um instantinho de beleza

Um octogenário divertido
Um menino coleccionando estampas
Um congressista que diz Eu não prossigo
Uma velha que morre a páginas tantas

(Alexandre O'Neill)

Bande à part (Godard 2)

À bout de souffle (Godard)



Quem não lembra o pregão dos Champs-Elysées: "New York Herald Tribune".

segunda-feira, 12 de março de 2007

Window Tax 2

Window Tax


Pelo House and Window Duties Act de 1766, criou-se um imposto anual de 15/5 pence por janela em Inglaterra/Escócia. Não obstante poder ser estabelecida uma isenção de 5 janelas, introduziu-se um elemento de progressividade no imposto.

Assim:
a) para habitações com 7 janelas - 2 dimmes (d) por janela;
b) para habitações com 8 janelas - 6 d por janela;
c) para habitações com 9 janelas - 8 d por janela;
d) para habitações com 10 janelas - 10 d por janela;
e) para habitações com 11 janelas - 1 shilling (s) por janela;
f) mais de 25 janelas - 2 s por janela.

O resultado? Os proprietários emparedaram as janelas de suas casas para usufruírem das isenções ou de taxas reduzidas.

Ouvir Einstein

Einstein e Portugal

Da única vez que Einstein veio a Portugal, este descreveu os seus habitantes como "simpáticos mas um pouco maltrapilhos". Penso que é uma descrição que ainda hoje se encaixa muito bem.

O tempo será uma ilusão?

Platão disse que o tempo era uma constante e que a vida é que era uma ilusão. No entanto, é com Einstein que conseguimos compreender o tempo numa relação intrínseca com o ambiente que nos rodeia.

Sendo assim, o passado, o presente e o futuro são um mero fragmento da nossa imaginação, construções elaboradas pelo nosso intelecto, por forma a que os eventos não ocorram todos ao mesmo tempo. Quer isto significar que a mera existência humana não é suficiente. Necessitará de um conjunto de elementos coerentes, que só conseguimos atingir pelo recurso ao transcendental.

O tempo é uma realidade transcendental?

domingo, 11 de março de 2007

Televisão portuguesa à venda (ao desbarato)

Olho estupefacto para um programa do horário nobre naquele que já foi o canal da Igreja. Uma garota, que nem engraçada era, faz esgares de estranheza quando olha para o retrato do Fidel Castro - será um escritor? Não me parece, pois tem ar de militar, ou melhor, General! Ah, não será o Salgueiro Maia (!!!).
Bem, uma coisa é certa, o insucesso escolar e o abandono realiza-se antes da entrada para a primeira classe. Pelo contrário, creio que se tratam de moças contratadas para retratar a ignorância boçal.
Isto é espectáculo estúpido e inútil. De imediato desligo a televisão e sinto-me tentado a atirá-la para um canto...

sábado, 10 de março de 2007

Intervalo desenhado






Uma série de BD de ficção científica (ainda inacabada), como alternativa à feira dos imortais de Bilal...